Vendedoras levam sex shop a casa de mineiras tímidas e lucram até R$ 12 mil por mês
— Muitas vezes, a mulher tem coragem de comprar com uma pessoa amiga, discreta, ninguém vai te ver entrando na loja. A vendedora de catálogo também explica como fuciona, não tem medo de falar, é muito melhor, principalmente para as mais tímidas.
A analista fiscal Lorena Rios, de 26 anos, já tem sua fiel vendedora de lingeries sensuais e produtos eróticos, a amiga Érica Viana, que vai à casa do cliente. O catálogo chega por e-mail e revela um mundo de brinquedos que podem apimentar a relação. Entre lingeries, fantasias e vibradores, há a vendedora, que deixa a cliente à vontade, cativa intimidade e, logo, faz a vergonha ir embora.
—Uma vez vi um corpete e não quis comprar porque sou magrela. Ela disse que não, que sou gostosa. Ela mostra o caminho para ficar sensual de uma forma que eu não fico constrangida. A maioria tem vontade, mas não tem coragem de ir à loja.
Para os envergonhados, comprar no conforto de casa é melhor que mostrar a cara em um sex shop
Pensando no mercado crescente, Érica Viana, de 30 anos, resolveu dar um pontapé no negócio e já tem etiqueta própria de lingeries.
— A minha mãe tem 53 anos e, às vezes, tem vontade de comprar, mas entrar em uma lojacausa um pouco de impacto. Além das fantasias, que sempre tiveram muita procura, vamos vender gel, óleo de massagem, chicote, etc. É um tipo de negócio que tem facilidade de venda quando é mais pessoal, reservado.
De tabu a comércio rentável
Quando começou a vender produtos eróticos em domicílio, em julho deste ano, a cabeleireira e manicure Carolina Figueireido, de 34 anos, não imaginava que o negócio poderia lhe render R$ 12 mil ao mês.
— No início meu marido falou: ‘você é doida. Ficar vendendo isso na casa das pessoas’. Hoje, ele me ajuda a vender e até oferece para os amigos.
Sem medo de falar sobre sexo, Carolina trabalha com pronta-entrega e visita clientes em casacom objetos de demonstração e explicação sobre o funcionamento dos produtos. Mensalmente, realiza uma reunião com 200 mulheres, que tomam um pouco de vinho, comem chocolate e “se animam” para contar histórias e matar a curiosidade. Os produtos mais vendidos são, sem dúvida, as lingeries.
— Muitas amigas não têm coragem de entrar em um sex shop. Comecei com uma brincadeira de comprar uma coisinha aqui, outra ali. Vi que era interessante e um negócio rentável. Vou nas casas, peço indicação, mando convite para as reuniões. Brinco que sou a “salva casamentos” porque levo alegria para muitas casas.
Um Brasil mais sexy
Carolina e muitas outras vendedoras pelo Brasil se inspiram na personagem do filme De Pernas pro Ar, lançado em 2010, que conta a história de uma mulher que perde o emprego e o marido no mesmo dia e vira sócia de um sex shop. Desde então, o número de pessoas que compram produtos eróticos em atacado e vendem para conhecidos subiu para 60 mil. O crescimento foi estrondoso segundo a presidente da Abeme, Paula Aguiar. De 2000 a 2006, havia somente 300 vendedoras catalogadas pelo País.
— Depois do filme, houve uma explosão, ainda mais porque as pessoas viram que as mulheresque vendem são comuns. Ele abriu as portas para as distribuidoras de catálogos de beleza trabalharem com catálogos sensuais.
Sobre o preço, Paula afirma que os produtos são acessíveis para todos. Segundo levantamentos da Abeme, os produtos mais procurados são os géis excitantes, que variam de R$13 a R$30.
— O Brasil é fantástico. Agora, lançou o vibrador líquido, único no mundo, feito da planta amazônica jambu. É um spray que passa e treme. Hoje, a gente vê que as mulheres querem muito conhecer os produtos, trazer algo novo para a relação. Elas confiam na consultora, que está próxima do universo delas